Esta é a questão mais importante de toda a nossa existência.
Já paraste para refletir sobre isso?
Sobre quem és tu?
Não o que te tornaste.
Quais os teus diplomas, cursos e títulos.
Não falo de estatuto ou percurso académico.
Não importa a idade que tens, nem o carro que conduzes.
Tampouco interessa se tens religião, clube de futebol ou partido político.
Interessa e muito, o que te apaixona.
Onde perdes a noção do tempo, onde dás vida à tua criança interior.
Onde expressas a tua verdade e não o que os outros esperam ouvir...
Durante grande parte da nossa vida, somos aquilo que escolheram para nós.
Como nos devemos comportar,
O que devemos vestir.
O que é certo ou errado.
Tudo com base nas próprias limitações, crenças e traumas muitas vezes de quem nos educa.
Fazem claro, o melhor que podem, com o que sabem e têm.
Mas muitas vezes cortam-nos as asas, quando tudo o que queremos é voar, sonhar e acreditar...
Explorar e partir à descoberta do que é este mundo em que vivemos.
Isso é ser criança, ter sonhos e zero medos, de deitar cá para fora toda a nossa criatividade. De fazer tudo aquilo que nos faz felizes.
Desde cedo, aprendi a guardar os meus sentimentos cá dentro. Não queria chatear ou incomodar com os meus pensamentos e sentimentos.
Para mim, ninguém me compreendia. O que sentia nunca era levado em consideração.
Aos 13 anos e como forma de chorar a ausência do meu pai, passei a desabafar no meu diário.
A procura, virou ausência, esquecimento e rancor...
Escrevia sobre os amores e desamores de uma miuda, os amigos, os complexos de uns kilos a mais...
Foi o meu primeiro contato com o journaling e com a escrita terapêutica.
Hoje aos 46, continuo a escrever no meu diário e continuarei a fazê-lo até que a vista me permita.
Quando cheguei ao 40 anos, percebi que não sabia nada sobre mim...
Mas também sabia, que toda a vida me recusara a ser o que queriam que fosse.
Só porque "a filha de fulano X" tinha tirado um curso superior.
O filho de fulana Y tinha as melhores notas e nunca tinha chumbado na escola, o namorado exemplar da prima...
A vida ensinou-me a reprimir os sentimentos e tornou-se dificil expressá-los.
Agora aprendo a libertá-los, a ser vulneravél e a mostrar que também choro e sofro.
É PRECISO RE-APRENDER A SER!
Quem nascemos para ser, mas nunca nos permitiram ser ou fazer.
É muitas vezes, necessário regressar ao passado, arrumar a casa, deitar o que não serve fora, dar-lhe uma nova disposição.
Ressignificamos assim o que vivemos, no momento presente. Não que estejamos presos ao passado, vamos resgatar as lições, enterrar as mágoas e perdoar, para que o presente e o futuro se tornem mais leves.
Escrever sobre o meu passado, memórias e a história da minha famíia, foi o maior trabalho de Autoconhecimento que fiz nestes mais de 7 anos dedicados a conhecer-me melhor.
Os padrões que herdei dos meus pais, os traumas que enraizaram em mim.
A falta de autoestima e amor-próprio que se refletiram nas minhas relações tóxicas e muitas vezes abusivas.
O meu próprio percurso enquanto mãe e pai do André. Em que passei os últimos 22 anos em piloto automático, em modo sobrevivência, sem muito espaço para sonhar, levaram-me a escrever o meu diário de memórias, o meu livro autobiográfico. (Que tendo em conta já foi escrito à mais de um ano e terá uma enorme atualização brevemente).
A Escrita Terapêutica trouxe-me essa liberdade de ser, de exprimir a minha verdade, sem medo de alguém me julgar.
Criticar ou ridicularizar...
Escrevi e revivi momentos traumáticos para me curar e libertar.
Escrevi para curar o passado no presente e dar um novo sentido ao meu futuro.
Acima de tudo, para SABER QUEM SOU!!!
Todos os dias continuo a escrever cartas à minha criança ferida.
Quero deixar a minha história, não só para inspirar outras pessoas, de que nunca estamos demasiado velhos para seguir os sonhos ou para viver o nosso propósito de vida.
Quero acreditar que um dia os meus netos, bisnetos e os seus filhos, vão ter orgulho na sua ancestralidade, conhecer as nossas alegrias e tristeza e que apenas os laços e traços de amor incondicional sejam passados de geração em geração...
Por toda a eternidade.
Que outro relato mais fidedigno poderia haver, do que aquele que é contado por nós mesmos?
ESCREVER A NOSSA HISTÓRIA É RENASCER PARA QUEM VIEMOS SER!
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